Escrito em 1929 em uma fase mais experimental de Woolf, esse conto inicia com um narrador peculiar. Ele se impõe como “one” que na nossa língua refere-se ao “nós” ou como “a gente”. Sugerindo assim um narrador em terceira pessoa mais algum desconhecido, talvez.
O mais interessante é que esse narrador descreve somente os objetos, com ênfase ao espelho, e os espaços e só depois que seremos apresentados a protagonista Isabella, uma senhora de idade, rica que vive nessa casa com um belo jardim.
Porém, nessa atmosfera cotidiana, esconde-se algo importante e essencial. Aqui, Virgínia Woolf faz uma crítica ao realismo e a descrição exacerbada do ambiente em detrimento aos estados mentais da personagem.
As obras da escritora são pautadas nesse rompimento com o tradicionalismo, com essa visão plastificada da realidade. Em consequência disso, apenas no final do conto que teremos um vislumbre da psique da personagem: “Aqui estava mulher em si. (…) E não havia nada. Isabella estava perfeitamente vazia.” Essa concepção vem de encontro também com um ensaio escrito pela mesma chamado “Mr Bennett e Mrs. Brown”, em que a escritora crítica os escritores da época por não valorizarem os estados mentais dos personagens, dando mais importância ao ambiente: “Eles reproduzem todas as aparências externas (…). A coisa mais importante é compreender o seu caráter, mergulhar na sua atmosfera.”
E vocês? Concordam com Virgínia Woolf? Que é necessário que os escritores destaquem mais os estados mentais dos personagens, do que a descrição dos espaços? 😊
Até a próxima!
Agnes 🙂
Concordo com Virgínia Woolf! 🙂
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Eu também. Adoro os romances dela e a forma na qual ela descreve os estados mentais dos personagens. 🙂
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