Curso Online - Literatura

CURSO ONLINE “LITERATURA E ENSINO: COMO ANALISAR GÊNEROS NARRATIVOS E CRIAR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS?”

Desde o final do ano de 2019 eu já planejava criar um curso que abarcasse a maioria dos elementos estruturais da narrativa, pois sempre foi difícil encontrar cursos na modalidade online que tivessem um conteúdo que partisse da teoria da literatura, mas que incluísse também a parte prática, em como aprimorar as aulas de literatura em sala de aula, principalmente para o Fundamental II, que geralmente é um segmento não tão visto na questão de projetos de leitura.⁣

Com isso, durante o mês de dezembro inteiro eu me debrucei em estruturar um curso (a ideia inicial era de disponibilizar apenas presencial, pela extensão dos conteúdos), mas percebi que é necessário que mais pessoas tenham acesso e que a internet possibilita essa difusão por um preço acessível.⁣ Veja abaixo os conteúdos do curso e para quem se destina:

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A plataforma Udemy tem como política difundir cursos online com preços populares para que o maior número de pessoas possam fazer esses cursos sem perder a qualidade. Depois que eu terminei de montá-lo, uma equipe analisou esse curso e autorizou a publicação.⁣

As 4 primeiras aulas estão disponíveis gratuitamente. Você pode acessar o link, assistir as aulas sem compromisso e se você gostar do modelo das aulas e dos conteúdos pode realizar a compra para garantir o certificado. A Udemy tem aplicativo para Android e IOS.⁣

Você terá acesso a mais de 2 horas de aulas em vídeo, material complementar para download, indicações de leituras, um modelo de sequência didática e no final do curso o certificado de conclusão.

Se tiver alguma dúvida, só escrever nos comentários 😊
Até a próxima!

Agnes 🙂

Literatura Inglesa · Resenhas

“Drácula” de Bram Stoker e a beleza da mulher morta

A representação desse livro na cultura pop e os seus desdobramentos até hoje não são por acaso. A figura do vampiro é um ser que desperta nos leitores muitas sensações de fascínio e terror. Escrito em 1897, por Bram Stoker, Drácula traz muitos temas referentes a época na Inglaterra, principalmente com o espírito do “fim do século” e a ascensão da tecnologia e da aproximação do estrangeiro, do novo sendo um contraste ao tradicionalismo.

O Conde Drácula é uma figura que assusta, que intimida, e mesmo não estando presente em praticamente toda a narrativa, a sua onipresença é constante. Há no enredo uma aura misteriosa, sufocante, principalmente com a presença da neblina, dos sonhos, do morcego e de outros elementos.

Escrito por meio de cartas, diários, notícias de jornais, Drácula além da figura misteriosa do conde, também traz personagens femininas que são em vários momentos o centro da narrativa. Tanto Lucy, como Mina, são mulheres que são vistas pelos personagens masculinos como delicadas, frágeis e como seres de luz.

No momento em que começam as mudanças, principalmente em Lucy, uma jovem muito apreciada pelo grupo, há uma mudança na visão da personagem. O ato de se transformar aos poucos em um ser demoníaco ao mesmo tempo que encanta por sua beleza e sedução, proporciona momentos de terror aos personagens e isso só é encerrado quando o grupo de personagens atacam-na. Antes, logo quando a personagem parece “morta” é nítida a adoração que se tem diante da beleza da personagem e da cor branca representando a pureza. Se pesquisarmos em outras obras veremos que esse tema é recorrente. “Ofélia” de Hamlet, por exemplo, traz esse estigma da mulher enquanto morta representar a beleza divina, a pureza, como se os sofrimentos passados e o acesso de loucura da mesma não tivessem importância. Ela é imposta como um objeto a ser admirado, como ideal.

Já em Drácula, vemos a beleza de Lucy sendo exaltada diante do túmulo:
“Fomos juntos até o leito e erguemos a mortalha do rosto dela. Deus! Como estava linda! Cada hora parecia acentuar sua beleza. Aquilo me deixou um tanto assustado e espantado.”

E você? Conhece alguma obra sobre esse tema?

Até a próxima!

Agnes

Literatura Inglesa · Vídeos

#1 Oficina Literária – Conto “Eveline” de James Joyce (análise e discussão)

Oi pessoal, tudo bem com vocês?

Na semana passada iniciamos a Oficina Literária sobre os contos de James Joyce e Clarice Lispector.
Na parte da elaboração dos slides e dos conteúdos a serem abordados, refleti bastante sobre como organizar os temas e de como seria a execução.

O medo e a insegurança de travar o vídeo, o áudio foram constantes rs, mas no final deu tudo certo. 😊

Para quem não assistiu, segue abaixo o link:

Nesse início conversamos sobre o prazer da leitura, as diferenças entre o conto (tale) de tradição oral x conto (short-story), sobre o escritor e só depois partimos para o texto “Eveline”. Ler em conjunto analisando parte por parte do conto acrescentou a nossa leitura um universo de novas reflexões. E como é importante essa troca. Depois que lemos esse texto, nossa visão acerca da narrativa mudou. Adentramos ao mundo psíquico de Eveline, uma personagem tão humana quanto nós e cercada de medos, dúvidas e anseios. E diante dessa narrativa curta, mas poderosa e intensa, vemos o porquê de que a ficção ainda cativar a tantos. Ela é um recorte ampliado das nossas mazelas e desejos. E James Joyce soube com maestria adentrar no íntimo de Eveline e de nós aproximar de uma realidade palpável a nossa. Todos nós já fomos em algum momento, Eveline. Ali sentada em uma janela, pensando, devaneando sobre a vida. 😊

Nessa próxima segunda (21/10) vamos conversar sobre “A fuga” de Clarice Lispector. O que será que essas narrativas têm em comum? 🤔

E o que você achou dessa primeira parte? Qual momento te marcou mais na leitura de “Eveline”?

Até a próxima!

Agnes 🙂

 

Formação do leitor · Livros

#1. Formação do Leitor – O que é formação?

Fiz recentemente um curso de Mediação de Leitura e nele aprendi muito sobre o processo de torna-se leitor. Esse post é o início de uma série sobre esse tema.

Antes de tudo, ao querermos formar alguém seja em um curso, palestra, aula é preciso refletir sobre a palavra formação.

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O que é formação?

Do alemão buildung, formação está ligado primeiramente ao aperfeiçoamento do ser humano. E esse aperfeiçoamento conecta-se ao nosso autoconhecimento espiritual que só alcançamos rompendo o senso comum e com o imediatismo.

Por meio da arte e da cultura podemos atingir a formação, porém ainda não é tudo. O que adianta ter o domínio do conhecimento e estar sempre em formação se não há a prática e a experiência?

A experiência do latim “experiri” que significa “provar” nos traz o entendimento de que se não provarmos esse algo não se pode formar o outro. O processo começa pelo eu e depois se direciona ao semelhante. Por isso que formação e experiência caminham juntas, pois uma depende da outra.

Antes de formar o outro é necessário que a leitura faça parte do nosso dia-a-dia, gerando significado e sentido. Entender que a formação não é algo definitivo, não é um fim e sim o meio para o indivíduo ser um leitor não só de livros, mas do mundo. É ter sede de provar todos os dias o conhecimento que transcende e transforma.

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A leitura é um processo que envolve vários fatores e um deles, principalmente quando lemos ficção, está voltado a alteridade. É a partir da alteridade que nos colocamos no lugar do outro sem que percamos a nossa essência. 

Esse ato pode ser visto e apreciado sempre que o escritor cria um universo ficcional que nos aproxima da realidade. Os espaços, os personagens e suas atitudes estão ligados a nossa existência e quando somos imersos nos contextos dos livros, refletimos e nos tornamos seres humanos melhores.

O ato de ler transforma, e nos aproxima da realidade do próximo. Assim como Antônio Cândido diz sobre a função social da literatura, o ser humano necessita da ficção para viver em sociedade. Tem sede de descobrir e de vivenciar outras vidas.

Qual livro você já leu e já teve essa sensação de estar ligado a vida do outro? 👇

Até a próxima!

Agnes 🙂

 

artigos · Livros

{Resenha} “O narrador” de Walter Benjamin e o resgate da narrativa na vida cotidiana

“Por mais familiar que seja seu nome, o narrador não está de fato presente entre nós, em sua atualidade viva.” (Walter Benjamin)

Um dos benefícios que considero importante, desde que eu iniciei a pós em Literatura Inglesa e a estudar com mais afinco a teoria da literatura, foi o de ler artigos incríveis trazendo reflexões não só sobre o texto literário, mas sobre filosofia e outras áreas das humanas.

Na faculdade ouvi brevemente falar sobre o Walter Benjamin (1892 — 1940) que foi um teórico que contribuiu não só para os estudos literários, mas também para as outras áreas, como psicologia, filosofia, sociologia, etc. O mais impressionante é que além abarcar assuntos sobre as estruturas sociais, a queda da “aura” das obras de artes e o estudo de obras literárias, Benjamin trata desses temas conectando-os com a nossa realidade. Seus textos são atemporais.

E eu fui fisgada por um desses textos chamado “O narrador” que se encontra no livro “Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura”. Basicamente o autor analisa a obra de Nikolai Leskov, sob o viés do narrador e de como a burguesia e a vinda da imprensa fizeram com que o narrador oral desaparecesse para dar lugar ao narrador que conhecemos hoje, criado pelos escritores.

O teórico inicia com a temática de que a arte de narrar está em extinção, pois não há mais narradores orais, devido a falta de compartilhamento de experiências. O homem não consegue mais partilhar histórias com o outro.

Esse apontamento é dissertado com indícios de que: ” […] No final da guerra, observou-se que os combatentes voltavam mudos do campo de batalha não mais ricos, e sim mais pobres em experiência comunicável.”

Essa pobreza comunicável foi estabelecida devido ao sofrimento, as mortes, as torturas causadas pelas guerras. A fala foi silenciada; como então compartilhar essas narrativas que marcaram tão negativamente uma geração?

Benjamin também nos conta no decorrer do texto de como eram os narradores outrora, quando existiam pessoas que compartilhavam suas vidas para as outras gerações. Ele os chama de narradores viajantes, pois quem viaja tem muito que contar, e o narrador conhecedor de suas tradições que permaneceu na sua terra natal.

Nesse intuito, ele resgata a narrativa de Nikolai Leskov, destacando o narrador oral presente nos seus contos. Ainda, traz outros apontamentos sobre as experiências não comunicáveis e de como “dar conselhos” está em extinção na nossa sociedade. É como se o ser humano não tivesse mais disposição em ouvir e aconselhar o outro, estamos voltados a nós mesmos, aquém da realidade do nosso semelhante.

“[..] um homem só é receptivo a um conselho na medida em que verbaliza a sua situação). O conselho tecido na substância viva da existência tem um nome: sabedoria. A arte de narrar está definhando porque a sabedoria – o lado épico da verdade – está em extinção.”

Além desse tema, o critico aborda outros assuntos como o surgimento do romance no período moderno, a imprensa e a difusão da leitura que é pautada pelo silêncio e não pela oralidade, aborda também sobre a poesia épica e a experiência solitária dos escritores modernos ao criar uma narrativa. O escritor moderno não ouve ou compartilha histórias orais, a partir do seu universo criativo, ele desenvolve a sua própria narrativa:

“Essa fórmula lapidar mostra claramente que o saber que vem de longe encontra hoje menos ouvintes que a informação sobre acontecimentos próximos. O saber, que vinha de longe – do longe espacial das terras estranhas, ou do longe temporal contido na tradição -, dispunha de uma autoridade que era válida mesmo que não fosse controlável pela experiência. Mas a informação aspira a uma verificação imediata. Antes de mais nada, ela precisa ser compreensível “em si e para si”. […] Se a arte da narrativa é hoje rara, a difusão da informação é decisivamente responsável por esse declínio.”

E diante dessa difusão rasa da informação, o autor alega a perda da profundidade ao abordar os temas inerentes à formação do ser humano. O informar é vazio, fugaz:

“Cada manhã recebemos notícias de todo o mundo. E, no entanto, somos pobres em histórias surpreendentes. A razão é que os fatos já nos chegam acompanhados de explicações. Em outras palavras: quase nada do que acontece está a serviço da narrativa, e quase tudo está a serviço da informação. “

Nesse diálogo reflexivo, Benjamin alude não só a condição dos livros e sim a nossa vida como narradores de experiências. Depois que li esse artigo comecei a refletir mais sobre a minha posição como educadora e como posso transmitir as narrativas não só dos livros, mas visando também uma formação mais profunda. A literatura tem essa função humanizadora, já dizia Antônio Cândido. E nós como difusores e amantes dos livros também temos essa “missão” de mostrar aos mais jovens e aos mais maduros de que a narrativa é uma ponte para o conhecimento não só cientifico, e sim humanístico.

Referência:

BENJAMIN, Walter. O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 197-221

Até a próxima!

Agnes

 

 

 

Livros · Podcast Literário

#5 Projeto de Leitura – “Alice no país das Maravilhas” (Semana 6 – Final) + podcast

Depois de quase 1 mês lendo “Alice no País das Maravilhas”, chegamos nos últimos capítulos e no final do projeto de leitura. Agradeço a todos que participaram e, mesmo não lendo o livro nesse momento, acompanharam a nossa evolução de leitura. Gostei muito de aprender mais e de compartilhar as minhas impressões desse clássico que segue vivo e atual em pleno 2019.

Projeto de Leitura _Alice no País das Maravilhas Episódio #1

Abaixo os links para ouvir o podcast:

|Spotify| |Spreaker| |Youtube|

Como lembrança, criei um Marca Página com um trecho que resume bem a jornada da personagem Alice. Ela que, a partir de uma viagem para o País das Maravilhas, amadureceu e se tornou uma criança mais decidida e conhecedora de si mesma.

Link para o download do Marca Página:

|PDF (Impressão)|

|PNG|

Marca Página - Alice

Referências do episódio:

Livro “Alice no País das Maravilhas” – Edição Comentada e Ilustrada (Zahar):
https://amzn.to/2IaWvoY

FRANCO, Claudio de Paiva. Por uma abordagem complexa de leitura. In: TAVARES, K.; BECHER, S.; FRANCO, C. (Orgs.). Ensino de Leitura: fundamentos, práticas e reflexões para professores da era digital. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 2011. p.26-48.
Disponível em: http://www.claudiofranco.com.br/textos/ebook_leitura.pdf

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Clique aqui

Até a próxima! 😉

Agnes

 

 

Estudos · Livros

Indicação de Jornais e Revistas Literárias (Digitais)

Uma das formas que eu encontrei nesse ano para saber sobre lançamentos de livros, teoria literária, artigos com embasamento teórico, e novidades no ramo literário no geral foram os jornais e as revistas literárias. Atualmente, muitas revistas que eram vendidas somente na versão física, agora tem a sua versão online e também para download em pdf. Sempre que tenho um tempo me organizo para ler as edições e procurar as versões antigas que tenham algum artigo relacionado a um escritor que eu esteja lendo ou que eu goste.

Fiz uma lista com as minhas preferidas. Se vocês conhecerem outras revistas, só deixar nos comentários!

Cândido

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Descobri recentemente esse Jornal que é publicado pela Biblioteca Pública do Paraná. Os artigos trazem os principais lançamentos e estudos sobre a Crítica Literária. Em cada mês temos um autor homenageado, com artigos e ensaios sobre o mesmo. A Edição 93 traz a nova tradução do livro “Crime e Castigo” de Dostoiévski.

As edições tem download para pdf.

Clique aqui para saber mais.

Rascunho

Jornal Rascunho

O Jornal Rascunho também conta com vários artigos literários. Segue abaixo o que diz no site:

“A publicação literária Rascunho foi criada em Curitiba, em 8 de abril de 2000, pelo seu editor,o jornalista e escritor Rogério Pereira. Nacionalmente reconhecida pela qualidade de seu conteúdo, é distribuída para todo o Brasil pelos Correios.

Rascunho publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poesias, crônicas e trechos de romances) e ilustrações. Entre nossos colunistas, estão autores como Affonso Romano de Sant’Anna, Alberto Mussa, José Castello, Fernando Monteiro, João Cezar de Castro Rocha, Nelson de Oliveira, Raimundo Carrero e Tércia Montenegro.

Todos os meses, o Rascunho conta com cerca de 40 colaboradores, entre escritores, jornalistas, professores, especialistas em literatura e ilustradores.”

No site tem uma sessão chamada “Arquivos” que contém suas principais publicações.

Conta também com um plano de assinatura.

Conheça mais, clicando aqui

Suplemento Pernambuco

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Com tiragem mensal, o Suplemento Pernambuco pode ser assinado na versão física ou pode-se fazer o download em pdf das edições. Leia a apresentação no site:

“Pernambuco é um jornal criado em 2007 como suplemento cultural do Diário Oficial do Estado de Pernambuco. Atualmente, somos comercializados à parte do Diário Oficial.

Abordamos assuntos relacionados à Literatura e a questões do contemporâneo. Nossa periodicidade é mensal e a circulação é nacional.

Somos uma publicação da Companhia Editora de Pernambuco – CEPE, editora do Estado de Pernambuco.”

Conheça mais, clicando aqui.

Suplemento Literário de Minas Gerais

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É uma revista literária antiga e muito conceituada em Minas Gerais. Atualmente não tem publicado novas edições. Porém, suas edições podem ser encontradas para o download em pdf. Clique aqui para acessar o acervo.

Quatro Cinco Um

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A Revista Quatro Cinco Um é uma revista mensal de resenhas e ensaios sobre literatura. Tem vários planos de assinatura. O site conta com alguns artigos que são publicados mensalmente. Para ter acesso completo, só com a assinatura.

Confira aqui.

Essa é a minha lista com os jornais e revistas literárias que mais aprecio e que uso para aprender mais sobre literatura. Se você conhece outras, deixa o seu comentário! 🙂

Até mais!

Agnes

 

Conhece o Grupo de Estudos Literários do Facebook? Clique aqui para participar!

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Estudos · Livros

Vamos conversar sobre “Commomplace books”? (Convite Grupo de Estudos Literários)

 

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Photo by Patrick Tomasso on Unsplash

Olá pessoal, tudo bem com vocês?

Desde o ano passado, com a decisão de inserir uma rotina de estudos com ênfase nos Estudos Literários, tenho buscado formas de construir um repertório a partir de livros, artigos, ensaios, textos da web que retratem sobre a Literatura. Atualmente estou na reta final da Pós em Literatura Inglesa (Lato Sensu) com pretensão ao Stricto Sensu (Mestrado) em Literatura.

A criação do meu outro blog Repertório já tinha como meta explorar outras áreas no âmbito das Letras e das Ciências Humanas (Filosofia, História, Sociologia). Aos poucos tenho inserido posts nele que considero essenciais a esses tipos de temas.

Durante todo esse tempo tenho registrado e salvo várias referências como sites, artigos, ensaios, livros, resenhas, podcast (em português e em inglês também) como fonte de aprendizado. E nessas minhas buscas, encontrei o termo commonplace books no site Vida Organizada e percebi que todo esse meu trajeto de pesquisa de referências tinha um termo fundamentado pela Universidade de Havard que define o conceito como “uma coleção de passagens significativas que foram copiadas e organizadas de uma determinada maneira, através de tópicos ou títulos temáticos, para servir como registro de memória ou referência”. Ou seja, “commonplace books” seria nada mais que um registro de referências que você adquire com o tempo. Ele pode ser tanto físico (caderno de anotações) ou digital (bloco de notas ou qualquer app de anotações que você tiver disponível).

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Photo by Nick Morrison on Unsplash

Atualmente o meu CPB é feito digitalmente depois de descobrir uma ferramenta maravilhosa chamada EVERNOTE. Minha concepção de organização nos âmbitos dos estudos, como profissional, deu um salto com esse aplicativo. Nele consigo organizar em Cadernos vários tipos de anotações (inserir links, livros, documentos, aúdios) tudo relacionado a um determinado assunto. Ele fica salvo na nuvem e assim permite que eu possa inserir informações de qualquer dispositivo conectado à internet. Com isso, fica muito mais fácil de encontrar as referências e anotações sobre qualquer assunto. Tenho feito meus fichamentos e meus registros acadêmicos todos nele e aos poucos vou digitalizar todos os meus cadernos com anotações. Assim, tenho acesso a tudo a apenas um clique de distância.

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Tela Inicial do Evernote. Do lado esquerdo os Cadernos divididos por sessões e no lado direito as anotações salvas (artigos, links, pdfs, imagens, aúdio, etc)

Convite

Quando criei o blog, além de ter um espaço para registrar minhas impressões de leitura, sempre tive o anseio de interagir mais com pessoas que tivessem os mesmos gostos literários e que gostassem de ir além das possibilidades que um livro proporciona. O termo “Abordagem Complexa de Leitura” discutido por Claudio de Paiva Franco no artigo Ensino de Leitura: fundamentos, práticas e reflexões para professores da era digital traz o conceito sobre a abordagem complexa da leitura que tem como objeto os “múltiplos agentes (leitor, autor, texto, contexto social, contexto histórico, contexto linguístico, conhecimento de mundo, frustrações, expectativas, crenças etc.) que se inter-relacionam durante o ato de ler.” (FRANCO, 2018)

Para abordamos todos esses múltiplos agentes, só a leitura do livro em si não basta. É preciso buscar referências que tragam luz ao contexto social e histórico sobre o autor e a época no qual foi escrito. É nisso que consiste o estudo da Teoria da Literatura: direcionar o estudo critico das correntes literárias com base bibliográfica.

Com isso, considerei que a criação de um Grupo de Estudos baseado na troca de experiências de vivências dos leitores fosse necessário. Nele serão compartilhados links de referências (artigos, sites, livros) que dialoguem com a Literatura e com as Ciências Humanas e posteriormente desenvolveríamos webinares e discussões (lives), sobre algum artigo ou livro para trocar experiências de leituras.

Se você se interessa por esse assunto e quer participar do grupo, vou deixar o link abaixo. Sinta-se convidado. 🙂

Link para o Grupo de Estudos (Facebook):

https://www.facebook.com/groups/2246055592120829/

Espero por vocês!

Até a próxima!

Agnes 🙂

 

 

 

 

Trechos Literários

{Trecho} “Por quem os sinos dobram?” de John Donne

“Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido um promontório, ou perdido o solar de um amigo teu, ou o teu próprio. A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” (John Donne)

O trecho retirado do poema “Meditações XVII” de John Donne serviu de referência ao livro de Ernest Heminway “Por quem os sinos dobram”.

Artigo sobre as referências presentes a partir desse poema:

Os sinos que unem John Donne, Hemingway e Raul Seixas

No meu twitter sempre posto algo relacionado ao mundo literário e as ciências humanas.

Me segue lá 😉

@repertorio2

Agnes

 

Literatura Brasileira · Livros

{Resenha} Perto do coração selvagem – Clarice Lispector

“Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.” (pg 60)

“E ela, solitária como o tique-taque de um relógio numa casa vazia. […] Sozinha no mundo, esmagada pelo excesso de vida, sentindo a música vibrar alta demais para um corpo.” (pg 116)

Clarice Lispector no seu romance de estreia “Perto do coração selvagem” alcança o que mais nenhum autor de sua época almejou: a descoberta das particularidades do sentir e do ser. Ao revelar-nos o pulsar das necessidades aprisionadas e desnudar os pensamentos e os desejos de um coração selvagem, pela voz da personagem Joana, mostra a força do seu romance psicológico, explorando os cantos mais obscuros do coração e da mente humana.

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Sobre o autor:

Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920 na cidade de Tchetchelnik, na Ucrânia. Pertencente a uma família de origem judaica, seus pais emigraram para o Brasil em março de 1922. Com apenas 19 anos publica seu primeiro conto “Triunfo” (resenha no blog) e com isso inicia sua carreira de escritora e jornalista.

Em 1966, depois de consolidada na Literatura Brasileira como uma grande contista e romancista, sofre várias queimaduras no corpo e nas mãos em um acidente domiciliar.

Seus escritos são conhecidos por retratarem a vida na sua forma mais introspectiva, versando os pensamentos, desejos e devaneios dos personagens, acarretando uma nova perspectiva e leitura da vida cotidiana.  Livros como “Laços de Família” contos (1960), “A Legião Estrangeira” (1964) “A Maçã no Escuro” (1961) “A Paixão Segundo G.H.” (1961), “Água-Viva” (1973), entre outros, assombraram a muitos leitores e trouxeram novas teorias acerca do romance psicológico já consolidado na Literatura Inglesa por Jaymes Joyce e Virginia Woolf.

Clarice morreu no Rio de Janeiro em 9 de dezembro de 1977, com câncer de ovário detectado tardiamente.

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Clarice Lispector

Por Agnes Cássia

Perto do coração selvagem narra a vida de Joana de uma forma peculiar e muito intensa, vibrante. Confesso que demorei a terminar esse livro, pois a cada capítulo, uma onda de pensamentos ficaram reverberando dentro de mim. É difícil escrever sobre um livro que mexe tanto com os nossos sentidos. Clarice vai além de contar uma história de uma mulher em busca da verdade sobre sua vida. A forma em que ela adentra interiormente no leitor é palpável.

Joana é uma personagem que não sabe o que é moral. É impulsiva, destemida. Tem uma forte aversão pela bondade e por pessoas que sejam extremamente afáveis. Vemos durante a leitura o quão difícil é para ela, desde pequena, lidar com a vida exterior cercada por pessoas e ser interiormente atormentada pelas incertezas do seu lugar no mundo. Joana sente-se deslocada, não consegue encontrar um lugar comum, pertencer a algo.

“ […] as criaturas não eram admitidas no seu interior, nele fundindo-se. As relações com as pessoas tornavam-se cada vez mais diferentes das relações que mantinham consigo mesma. A doçura da infância desaparecia nos seus últimos traços, alguma fonte estancava para o exterior e o que ela oferecia aos passos estranhos era areia incolor e seca. Mas ela caminhava para frente, sempre para a frente como se anda na praia, o vento alisando o rosto, levando para trás os cabelos.” (pg 54)

A narrativa é feita a partir das lembranças de Joana até a sua vida adulta. O fluxo de consciência é constante na obra e o leitor conhece, conforme os capítulos passam, a mente e os desejos mais íntimos da personagem.

Joana é órfã de mãe e pai e logo após a morte do segundo, ela muda-se para a residência dos tios. Porém, seus parentes ao conhecerem a natureza amoral da personagem, resolvem levá-la a um internato, onde Joana vive até sua vida adulta.

Todo o caminho percorrido pela personagem é permeado por devaneios e questionamentos. Ações simples como tomar um banho, deitar em uma cama, olhar além de uma janela transformam-se em fragmentos de pensamentos, repletos de genuinidade. Um dos capítulos intitulados como “O banho” é de uma potência narrativa e introspectiva crível e verossimilhante. O leitor é convidado a imergir com Joana nessa atividade tão corriqueira:

“Levanto-me suave como um sopro, ergo minha cabeça de flor e sonolenta, os pés leves, atravesso campos além da terra, do mundo, do tempo, de Deus. Mergulho e depois emerjo, como de nuvens, das terras ainda não possíveis, ah ainda não possíveis. Daquelas que eu ainda não soube imaginar, mas que brotarão. Ando, deslizo, continuo, continuo… Sempre, sem parar, distraindo minha sede cansada de pousar num fim.” (pg 58)

“Tudo o que possuo está muito fundo dentro de mim” (pg 59)

Ler “Perto do coração selvagem” é como uma viagem psíquica entre pensamentos e emoções. A vida não é o bastante à personagem. A mesma necessita de algo mais, indefinido.

Entre as decisões da personagem em perseguir suas respostas, encontram-se em seu caminho Otávio e Lídia, figuras que farão parte de algo muito íntimo e vívido à Joana. Um casamento sem amor com Otávio, triângulos amorosos por ambas as partes. Todas as ações serão crucias aos questionamentos incessantes da personagem. E essa procura é o mais forte laço narrativo na obra de Lispector. A vida agora é vista sob uma nova perspectiva, ela é maior que o exterior de seus personagens. A voz da personagem em busca da verdadeira felicidade, aquela que segundo a mesma é a felicidade solitária, isolada do mundo.

“Desejava ainda mais: renascer sempre, cortar tudo o que aprendera, o que vira, e inaugurar-se num terreno novo onde todo pequeno ato tivesse um significado, onde o ar fosse respirado como da primeira vez. Tinha a sensação de que a vida corria espessa e vagarosa dentro dela, borbulhante como um quente lençol de lavas.” (pg 70)

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Lispector traz na sua escrita uma consciência da natureza humana grandiosa. Lê-la é um canal entre o  que se sente e o que se escreve. Leitura imperdível!

“Dentro de um vago e leve turbilhão, como uma rápida vertigem, veio-lhe a consciência do mundo, de sua própria vida, do passado aquém de seu nascimento, do futuro além do seu corpo. Sim, perdida como um ponto, um ponto sem dimensões, uma vez, um pensamento.”

“– Sentia o mundo palpitar docemente em seu peito, doía-lhe o corpo como se nele suportasse a feminilidade de todas as mulheres.”

“Cada vez mais tudo era passado…E o passado tão misterioso como o futuro.” (pg 115)

Sobre a edição: O livro pertence a coleção “Mulheres na Literatura” da Folha. A edição é muito bonita; capa dura, papel amarelado, fontes em um bom tamanho. Recomendo!

Autor: Clarice Lispector

Ano: 2017

Editora: Folha

Sinopse: “Perto do Coração Selvagem”, romance de estreia de Clarice Lispector, assombrou leitores e críticos logo após sua publicação, em 1943. Tendo uma voz narrativa que ora incorpora o mundo interior da protagonista Joana, ora a contempla de fora, o livro alterna dois tempos: a infância, na qual a personagem interroga seres e coisas, e um presente intemporal como a eternidade, em que as vicissitudes de um casamento que jamais representou uma ilusão resumem os outros pequenos desastres que reconduzem a personagem a sua inadequação primordial. Com uma escrita tateante, sonâmbula, Clarice Lispector não recapitula de modo linear as vivências de Joana (como a morte do pai ou a separação do marido, visto desde sempre como um estranho), mas flagra o instante em que cada experiência ou cada encontro eclode com seu enigmático significado, apresentando-se como via de acesso ao “selvagem coração da vida” – conforme a frase de Joyce que, por sugestão do escritor Lúcio Cardoso, Clarice Lispector utilizou na epígrafe e no título desse livro que inaugura uma das obras mais inovadoras da literatura brasileira.

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